A ribeira da Invicta tem uma magia inexplicável.
Não sei se é inexplicável de natureza ou se eu com o meu espírito coimbrinha não a consigo descortinar.
Apenas sei que a consigo ver lá, e mais ainda quando os aviões no céu empurram as pessoas para a rua.
Comecemos pelo estilo arquitectónico que impera na ribeira. Talvez exista um estilo associado com um nome próprio e tudo, quanto a mim o termo "caos" é mesmo o que melhor lhe serve. São prédios uns a cobrir os outros, uns a cair de podre, uns com homens pendurados nas janelas, em tronco nu e a atirar bitaites mal arranjados cá para baixo. Mas há mais. Há prédios com manequins nas varandas em poses arriscadas (true story), prédios com roupa interior do século XIX pendurada, prédios com portas fantásticas e outros que até são hotéis pomposos. Há ruas que não têm mais que alguns centímetros de largura, há amigos que se tratam carinhosamente por "filho da p*ta" e há miúdos que celebram a irreverência jogando-se nas águas escuras do Douro.
As pessoas aqui são puras, rudes, falam alto e escarram para o chão. É bonito e eu gosto.